É por demais comum que um Profeta veja nas mais simples coisas a demonstração do mais complexo dos sistemas. É factual que, retirados os subterfúgios e floreados, as ligações sejam tão simples como linhas rectas entre pequenos pontos de interesse.
Posto isto, volte-se ao título e ao que ele aqui significa. Nós, portugueses à beira-mar plantados, vamos a jogo com a segunda linha. Não me refiro aos confrontos do onze mais um do futebol (pois isto é uma analogia e não é uma crónica desportiva) mas sim à globalidade de quem determina se vamos a jogo para ganhar e se, efectivamente, o ganhamos.
Este nosso Portugal forma os melhores. E os nossos melhores estão cá e estão, cada vez mais maioritariamente, lá fora. E se lá fora os vemos demonstrarem todo o seu potencial, assumindo papéis de preponderância nos seus jogos, por cá abrem-se a porta para equipas de segunda linha. Equipas seleccionadas por treinadores e agentes que nada têm em mente que não o sucesso pessoal e que, a soldo de interesses muito particulares, escolhem para a luta os seus jogadores de segunda.
Reparem que o povo, o adepto desta cooperativa desportiva chamada Portugal (ou outra qualquer entidade), nada pode fazer contra a vontade de treinadores egocêntricos e endeusados. O povo vai apoiando as suas cores com a vontade que pode ou tem, quer lhe custe ou não ver perfilados no terreno de jogo aqueles jogadores fraquinhos e que apenas têm oportunidade por anuírem ao treinador e pertencerem aos contratados deste ou aquele agente.
E os melhores ficam no banco. Não vão a jogo. E não vão porque querem vitórias, querem o sucesso, seu e do seu emblema. E o sucesso por vezes, e neste caso muitas vezes, é inimigo do que alguns pretendem para Portugal. Portugal quer-se murcho e seco, a pagar as cotas e a comprar camisolas, aceitando de qualquer forma que é um emblema um pouco ao nível do “mais ou menos” e que, por ser pequeninho, não pode competir para ganhar.
Mas os melhores estão no banco. O dez, o trinco e o matador aquecem o acento, quando podiam estar a brilhar. A elevar-nos do 16º lugar, logo acima da linha de água, a um 5º lugar e sonhar com as competições europeias. A surpreender o gigante que nos entra pela porta dentro, fanfarrão de altivez, convencido que a vitória já é sua ainda à chegada do autocarro.
Enquanto isto tudo acontece, a segunda linha permanece incapaz de garantir o sucesso necessário, perfilando o seu outrora glorioso emblema a uma queda da liga principal para um nível secundário, regional, e do qual é muito difícil renascer.
Uma equipa que tem os melhores não perde nem a feijões, não é pequena nem de frente a um gigante e não se deixa perder apenas porque, momentaneamente, alguém ganhou com isso.
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