“Uma pedra debaixo de água não sabe que está a chover”
- Provérbio serra-leonês
Nesta sociedade em que a ignorância do povo é encorajada e o carneirismo é uma filosofia que muitos adeptos seguem inconscientemente, dificilmente se pode gerar mudança sem remover as camadas de ilusão que embalam as pessoas num sono despojado de iniciativa política, isto é, dormem "como uma pedra". O provérbio acima citado é muito bonito, mas não interessa para agora. Além disso na Serra Leoa a esperança média de vida é de 45 anos, de certeza que não sabem assim tanto sobre a vida. Encontram-se numa situação semelhante à dos portugueses daqui a uns vinte anos: desconhecem o que é a reforma. Contudo, no campo das diferenças, é de realçar que enquanto lá praticam a mutilação genital feminina, em tenra idade, aqui, na mesma faixa etária, pratica-se a mutilação genital masculina com idas ao poste.
Nesta imagem demonstramos como escapar às idas ao poste.
Enfim, vamos directos ao assunto: aquilo que vos falamos hoje, isso sim, requer extrema sapiência para poder ser compreendido em toda a sua complexidade. Não poucas vezes a História se nos revelou ser um ciclo, não poucas vezes também foi desprezada sem consideração pelas lições que guarda em si. Daqui a cerca de um mês, o país comemorará, com feriado ou não, o Dia da Restauração, também conhecido como o Primeiro de Dezembro. Toda a gente sabe o que significa. Não sabem, porém, os contornos proféticos dos acontecimentos. Se procurarem bem no artigo da Wikipédia sobre a Restauração da Independência, encontrarão o código que vos conduzirá à resolução deste mistério. No entanto, como ninguém tem pachorra para mais romances à Dan Brown, nós explicamos tudo.
Conta a história que, após a morte do D. Sebastião em 1578, que como vimos anteriormente era Profeta (ao que consta, morreu debaixo de uma avalanche de marroquinas mesmo boas), não havia herdeiros directos ao trono, pois este não tinha tido filhos (era um mestre do coito interrompido!). Um tio-avô assumiu a liderança do reino, embora brevemente pois havia uma catrefada de pretendentes ao trono e ninguém se entendia, tal e qual uma conhecida série de televisão dos nossos dias. Andaram todos à batatada durante 2 anos e quando dão por ela já o Rei de Portugal era espanhol, um tal de Filipe II. No ano de 1640, ainda Portugal estava sob o domínio de Espanha, agora com Filipe IV, e todos sabemos que as sequelas vão sempre piorando. Os portugueses estavam fartos de serem governados pelos vizinhos do lado. O povo vivia na miséria, os burgueses eram um alvo constante de ataques que lhes prejudicavam o seu negócio, os nobres passavam a vida a coçá-los porque também tinham sido substituídos no seu poder. Ao que tudo indica, nem sequer os deixavam fazer a siesta, ou seja, era mesmo para os achincalhar. Para derrubar os representantes do Rei de Espanha, juntou-se um grupo designado de Os Quarenta Conjurados que conspiraram para fazer o derradeiro golpe de estado. Este acabou por acontecer, a 1 de Dezembro de 1640, perto do Natal que era quando muitos espanhóis iam a casa buscar mais tupperwares com comida da mãezinha e muitas tropas espanholas estavam destacadas na Catalunha. Tal acto acabou por culminar na Independência de Portugal, instaurando-se a Quarta Dinastia Portuguesa, sob governação de D. João IV, duque de Bragança.
Resumindo a história, tudo começou quando um Profeta faleceu. O povo, sem a orientação profética, foi abandonado à escuridão da ignorância e acabou a servir indivíduos que não os representavam. Ainda não sabem porque é que o 1º de Dezembro é o festival da OPUM DEI? Querem mais argumentos? Pois muito bem. Após um golpe de estado feito por um grupo de jabardos que se juntaram para mandar abaixo a governação espanhola em Portugal (e mandaram mesmo, tanto que um gajo foi atirado pela janela), foi escolhido para reinar D. João IV. Ora, de onde era este homem aclamado? De Bragança. Quais são os doces mais famosos de Bragança? Exactamente, as Mães de Bragança. Que seres iluminados é que gostam de mães? Os Profetas.
A Ordem Profética está presente desde tempos ancestrais, em representação dos interesses dos Portugueses e contra os poderes instalados. Por isso, todos os anos nos reunimos para, convosco, festejar uma data simbólica da luta pelos nossos direitos, pela resistência e pela subversão a quem se tente impor e controlar aquilo que é nosso.
Preparem-se!
(foto: Nuno Gonçalves)