20 junho 2016

Sejam felizes, façam amor!

Findado o ano lectivo, os Profetas partem para os quatro cantos do Mundo para espalhar a Palavra e converter outros povos.

Recomendamos a leitura diária dos textos aqui publicados e desejamos que nunca vos falte força: para o caminho que se estende perante vós, para andarem na marmelada em frente aos putos em Paredes de Coura e para se levantarem da cadeira depois de passarem um jogo da Selecção Nacional a emborcar cervejas.

P'la Ordem Profética

03 maio 2016

A Gata Morreu, Longa Vida à Gata



A Gata morreu.

Morreu e continuará a morrer como pomposa consequência do bom resultado de quem caminha o ladrilho da academia minhota.

É uma Gata que morre, é uma Gata que vive.
O ciclo académico deixa sair uns para que outros entrem. E que ciclo este. Rodopia sobre o seu eixo, acumulando massa critica em cada um que lá entra, e gerando assim a força necessária para causar impacto no momento de saída.

É uma Gata que morre, porque precisa de morrer.
Porque lutou todo ano pela própria vida, procurando desviar cada um do seu caminho, levando-nos para os prazeres da vida, levando-nos para o que nos afasta da morte. Porque nos dificultou cada passo que demos. Porque quer ficar cá, connosco, eternamente e sem olhar a consequências.

É uma Gata que morre, mas que por vezes teima em viver.
E porque a sua sobrevivência também não traz mal ao mundo. A aprendizagem da repetição, do fazer bem à terceira. Porque se aprende a cair, e nunca ninguém foi bom sem nunca ter falhado.

É uma Gata que morre, porque tudo tem que arder.
Porque o fogo queima, o fogo limpa e o fogo aquece. Porque a carga pode ser insuportável e ninguém merece carrega-la, porque só se começa algo bom depois de se eliminar o espaço ocupado pelo mau.

É uma Gata que morre, para que tudo possa renascer.
Porque das cinzas se eleva a Fénix. Porque em espaço vazio, se cresce livremente. Porque é preciso caminhar sem ter nada a perder, avançar sem recear o fim. Para poder construir sem as regras do antigamente.

É uma Gata que morre, para nunca mais esquecer.
Porque a vida são dois dias, e Gatas pouco mais que isso. E a vida depois da Gata é uma vida sem Gatas para viver e sem Gatas para enterrar.

A Gata morreu, longa vida à Gata.

27 abril 2016

My Lord? Your Grace?

O presente ano civil tem-se mostrado curioso; um monte de celebridades a morrer quase todas as semanas, um comentador televisivo a Presidente da República, um Dolan Drumpf em vias de se tornar presidente também, uma Bernardina que ainda tem direito a tempo de antena… Coisas muito estranhas a acontecer, um presságio muito estranho do que se avizinha. Quase se pode dizer que “winter is coming” (é por ser Abril, provavelmente). Uma coisa intrigante que aconteceu neste kick-off do mês de Abril terá sido também o 36º Congresso Nacional do Partido Social Democrata. Vou ser sincero, não prestei muita atenção ao que lá sucedeu. Apenas a recandidatura do Passas Monelho e a vice-presidência atribuída a Mª Luiz Alba-Queca chegaram para perder o meu interesse. Choveu muito, o Real Madrid jogou com o Barcelona e o Leicester também jogou. O Placard esperava-me…


Apesar de esse congresso ter-me captado a curiosidade pela série de eventos que surgiriam daí, a minha atenção foi captada com o discurso do Exº Sr. Dr. Meritíssimo Eurodeputado Advogado Pau Angél, quando disse que se devia acabar com os títulos académicos como meio de “hierarquia” e “supremacia” vigente nos documentos oficiais. Concordando ou não com isso, não interessa. O verdadeiro título hierárquico, o mais digno e o superior sobre os outros é o título de Profeta. E esse ninguém o tira.

A minha consternação sobre isso, apesar de ainda gostar dos tempos da inquisição em que todos os Lords deveriam ser tratados por tal, e todos os Reis deveriam ser tratados por “Your Grace”, parece-me a mim que a consternação do Eurodeputado se foca num ponto fácil de avaliar: existem coisas mais importantes para se preocupar e ninguém quer saber.


Menos a manifestação dos populares perante a notícia. Esses querem saber disso. Esses bajulam a atitude do PSD e do Sr. Pau Angél, mesmo tendo se calhar falado mal de ambos nos últimos 3 meses ao terem atuado numa questão qualquer mais relevante que isto. Qual é o mal, afinal, de alguém ser tratado por um título adquirido, seja académico ou real? Qual é o mal, afinal, de tratar pelo nome próprio um pós-doutorado Magna cum laude? Afinal não somos todos Charlie, ou Inácios, ou o que quiserem? Não há coisas mais importantes para tratar além da maneira como nos tratamos uns aos outros via correio? Até porque afinal de contas não tem importância nenhuma, os títulos que mais gostamos de atribuir uns aos outros são títulos pejorativos; tanto para provarmos sermos superiores, como sendo inferiores e tentar provar o contrário. E nada disso interessa, porque todos os títulos são inúteis. Repito, o único título que interessa é o de Profeta, e esse pode ser sempre almejado mas raramente alcançado. A vassalagem deve perceber isso. Não é um canudo que faz alguém superior. Nem a Opa faz o Profeta, mas sim o Profeta faz a Opa.

Para vós, plebe, o único título que vos deve importar será o de “humano”. Algo raro nos dias de hoje, como visto pela ex libris da poesia do ano 2016, Bernardina, que toda a gente conhece. E como toda a gente trata toda a gente pior que lixo, representando aquilo que o comum mortal é; pequeno, mesquinho. Não há título académico que esconda isso, tal como a maquilhagem de uma noite na discoteca, em que haverá sempre uma manhã de ressaca em que será impossível esconder a verdadeira face deformada que cada um tem.

25 abril 2016

25 de Abril Sempre – Fascismo Nunca Mais


 25 de Abril Sempre – Fascismo Nunca Mais
 Uma premissa com 42 anos de idade. Uma data que é quase um verbo, uma tomada de consciência, uma chamada à acção.




25 de Abril de 2016

A primeira pessoa com quem falaram hoje dir-vos-á que tem liberdade e a segunda provavelmente repetirá o mesmo. No entanto, e apesar de não ter conhecido a vida pré-Abril, acredito que hoje vivemos sob igual repressão. No mínimo. Mas hoje vivemos sem a liberdade que julgamos ter, e vivemos assim porque alegremente a entregamos. E desafio-vos a reflectirem comigo na facilidade com que entregamos a chave de nossa casa ao bandido.

Eu, Português Europeu e Terrestre, não tenho a liberdade para fazer o que quero e posso. Vivo num país que entregou por 4 anos a sua soberania a uma Tríade Tirana banqueira que decide vida ou morte em função da sua ideologia do dinheiro. Vivo num país que aceita que as pessoas não tenham o suficiente para que se possam atingir metas à décima da percentagem. E vivo num país que não pergunta se o aceitamos fazer. Afinal, vivo num país onde se assume que as pessoas são demasiado burras para decidir e que, por isso, não devem ter o direito a fazê-lo.

Vivo num país onde não existem Gargantas Fundas, onde não se aponta o dedo. Onde a censura tem o trabalho facilitado, em que o lápis azul está logo nas mãos dos jornalistas. Não há realmente liberdade num país onde as palavras são ditas por encomenda e em que, mais do que informar, se procura doutrinar as ovelhas trabalhadoras para que tranquilamente entreguem a sua lã. Por devoção.

Vivo num país, irmão pequeno de uma família grande onde uns comem mais que outros, em que os pequenos chegam apenas aos restos. Chegam aos restos mas agradecem-nos como se fossem bênçãos, beijando a mão a quem os dá como se fossem benfeitorias de alguém muito piedoso. Irmão pequeno que ignora meio século de destruição baseada em ideologias fascistas, belicistas e xenófobas, dando poder a grupos de pessoas que afirmam que uns são mais que outros e que a culpa de todo o mal está naqueles que, por menos terem, menos se podem defender.

Vivo num país que cada vez educa menos, que menos valor atribui às pessoas. Onde saber mais é perda de tempo e onde a crítica baseada em argumentos é menos forte do que o não só porque sim. Onde os valores de respeito e responsabilização desaparecem logo cedo dos olhos dos filhos. Onde os valores de luta e vida em sociedade não chegam à idade adulta. Onde não nascem crianças por não se saber que futuro lhes daremos.

É este o nosso Portugal livre. Ovelhas amordaçadas em pastoreio seco, comandadas por Pastores ignorantes em terrenos dos senhores da Terra, que sobejamente vivem do trabalho dos outros, sentados no alpendre enquanto decidem quem vive e quem morre.

Esta é a liberdade que temos. E amanhã vai ser ainda menor.

22 abril 2016

Versos de Amor e Amianto I

Que mal fiz eu ao mundo
Para tal me acontecer
A Fundação ainda mal chegou
E já se alinha p'ra me foder

Dizem-me que é coisa boa
Que é moderno e liberal
Vai é dar margem de manobra
Para enrabar o pessoal


São palavras bem brejeiras
Espero que não levem a mal
É a costela de Augusto Canário
A contar a história, tal e qual

A UM não é para velhos
A menos que tenham poupança
Também não é para novos
E menos que contem com a herança

O Reitor esfrega as mãos
Que criar Doutores gera dinheiro
Taxe também o cagatório
E facture-se tudo por inteiro

Já espero pelo próximo
Brilhante modelo de negócio
Que isto de ser Fundação
Rende mais que o sacerdócio

Só espero que não goste tanto de menininhos...

23 março 2016

Agnus Dei


O que será a Agnus Dei para os católicos não praticantes, que usam preservativo e ofendem Deus, e que nunca ouviram tal palavra “Agnus”? Pois bem, este é um objeto sagrado para a Igreja, um pequeno medalhão que normalmente é oferecido aos petizes. Como é obvio, na Igreja Católica tudo gira à volta das crianças. No seu interior é colocado uma gota de cera da vela do batismo como símbolo da sua pureza. Se me fosse dado a escolher preferia um colete de cabedal como os motards da série de televisão "Sons of Anarchy" - não significava, de todo, pureza, mas espalhava estilo e terror em Charming onde não há igrejas e as crianças podem brincar na rua sem receio. 

É também uma expressão do latim, usada para referir o sacrifício de Jesus Cristo após ter sido crucificado pelos nossos pecados. Em verdade vos digo que tenho a certeza que se trada da maior falacia da história da humanidade, a crucificação do Superstar. Sim, porque não se tratou de um sacrifício. Sacrifício foi o que fizeram o Opie, Oto e o Jax em "Sons of Anarchy", que deram as suas vidas em prol do clube de motos e da família. Jesus não se sacrificou por nós, muito menos foi lavado por uma “menina da vida” depois de morrer. Como se a Igreja deixasse o seu Menino de Ouro ser lavado por “mãos sujas”... Para isso entrava na Quinta, sempre que era expulso ressuscitava ao terceiro dia. Para além de ganhar aquilo, facilmente ainda faturava umas porcas.


Os mais recentes achados confirmam que Jesus teve dois pais. Ora receber esta notícia quando se é uma estrela em ascensão não deve ter sido fácil - isto aliado ao consumo de drogas, subnutrição, desidratação causada pelas longas caminhadas no deserto, lavar os pés aos amigos e ainda outras adversidades como ter de falar com leprosos e dar nova vida ao Lázaro. Só podia dar no que deu: não aguentou a pressão e combinou com o Rei uma mentira para pôr termo à vida. Com um bocado de sorte o Pai Supremo também lhe deu setenta e duas virgens.

Agnus Dei também é o nome de uma música da autoria de Michael W. Smith, também interpretada pela cantora de gospel Aline Barros. Ainda vamos vê-la no Enterro da Gata, só tem de colocar uns alargadores, pintar o corpo, criar músicas que agradem aos miúdos do Secundário, mandar um e-mail ao Parreira e partir o pescoço (se for o do AJIR melhor ainda).


21 março 2016

Os Óscares da Academia


Os Óscares, conhecidos pela sua extravagância, glamour e défice de pessoas de pele negra são o auge máximo que qualquer ator (ou pessoa que goste de um bom par) pode atingir. Entre decotes, passadeiras vermelhas e crianças vestidas de smoking, este ano a categoria de Melhor Filme foi para "Spotlight". Para esta cerimónia (e para bem do miúdo mais mediático desta edição), a Academia decidiu por bem (ou por mal) não convidar membros do Clero.

Por cá, o mais próximo que temos dos Óscares são "A Gota na Praia". Um festival cinematográfico (nada pornográfico!) onde os alunos cá do burgo mostram todas as suas capacidades atléticas. Este ano, as novidades prendem-se com a abertura de duas novas categorias: a categoria de Melhor Atriz Debaixo de Água e a de Melhor Gorda a Banhos de Sol (claramente com o intuíto de queimar calorias).

Quanto aos prémios mais relevantes, temos Puma'oMinho para Melhor Filme Acima de 120Kg e Toninho Malcaide para Melhor Ator, pela sua prestação como Olivia Palito no filme "50 Sombras de um Retiro". Para Melhor Ator Secundário está ainda nomeado o já proclamado Parreira pela prestação em "1.2 - Crime ou Sedução" nas Monumentais Festas do último ano civil. Dada a falta de comparência de Hans Zimmer nesta edição de Gota na Praia, o prémio de Melhor Banda Sonora será pela primeira vez atribuído a um projeto solista, com a interpretação de Rei Tó em "FF (Fodi-vos com a Fundação)".

Assim sendo e finalizando em tom de conselho, desejamos que regressem desta edição de "Óscares na Praia" sem os joelhos esfolados... ou que, pelo menos, nesta Páscoa, não cumpram o jejum.

18 março 2016

St. Patrick’s Day

O Dia de São Patrício (St. Paddy’s, de agora em diante) é um feriado muito celebrado pelos irlandeses e pelos norte-americanos. Efetua-se no dia 17 de Março (esta Quinta-Feira este ano) e é um feriado conhecido por dois motivos: usa-se muito verde e bebe-se como se do dia do Julgamento Final se tratasse. Do ponto de vista profético, não vemos aqui mal nenhum (mas trocávamos o verde pelo roxo).

O St. Paddy’s day existe como celebração da chegada do cristianismo à Irlanda e como celebração da herança irlandesa. Celebre-se, então, as Guiness e as Bushmills deste mundo, pois sem elas muitas perspetivas da vida não fariam sentido. Para os americanos, este dia celebra-se como um dia que advém a pior ressaca do ano. Mesmo que não celebrem nada em específico, porque foi para isto que se fez o 4 de Julho!


No entanto, com esta vaga “Trumperista” que temos assistido nos recentes meses, seria de esperar que “a grande maioria” dos Americanos não celebrasse este dia, pois é um dia para os imigrantes irlandeses e não para o “Real American”. Mas seria um desperdício não aproveitar o dia para chutar uns anões vestidos de duendes e tentar encontrar o pote d’ouro nas extremidades pélvicas de um qualquer parceiro sexual descartável para a ocasião, pois afinal de contas é disto que os Estados Unidos da América se tratam.

Esperemos só que a mancha verde que se instaurará no St. Paddy’s Day seja sinal de esperança, inteligência e ponderação por parte dos nossos amigos do outro lado do Atlântico para os meses vindouros, e que não fiquem bêbedos até as presidenciais, pois a ultima coisa que espero ver é um “multimilionário” a jogar Sims com as vidas do Mundo. E esperemos que o BA celebre o dia como no ano anterior, até com a cerveja verde, não tem problema nenhum, desde que a comunidade estrangeira de Braga se sinta livre, leve e solta, como no ano passado. Afinal, St. Patrick foi um bom homem (acho eu, sei lá), merece que se celebre a vida dele. E os irlandeses também merecem o nosso agradecimento, porque apesar de um grupo de bêbados, sabem trabalhar bem com o seu malte.

09 março 2016

Reflexão de Merda


Perdoem-me o português mas, quando o assunto é reflexão, são poucas as coisas que a ela se associam melhor que as figuras de estilo. Pensando melhor, não perdoem. Afinal vou continuar a utilizar o defecado para, por utilização das tais figuras de estilo, levar a minha linha de raciocínio para a frente. Refletindo portanto. 

Não vos será estranha a afirmação “Os Homens não se medem aos palmos”. É, além de um ditado popular de moral reconhecida, uma afirmação de simples causa-efeito demonstrando que não se medem os homens utilizando palmos. Existe um sistema melhor, o sistema métrico, que é mais exato e permite medirmos com confiança não só homens como outras coisas mais. É quase universal. E é o quase que me leva a esta reflexão. Este quase que são os Estados Unidos da (Vergonhosa e Capitalista) América.

Do outro lado do Atlântico, os homens medem-se aos pés. RIDÍCULO. E se por cá já vimos que é ridículo ter que deitar uma pessoa no chão para poder contar os passos, por lá um simples pensamento em converter as medições para um sistema lógico e proporcional é um atentado ao “sonho americano”.

Não sei se estão familiarizados com este sonho, mas eu estou. A internet deixa-me fazer download de toneladas de material que o mostram e, por isso, como Profeta, possuo já todo um conhecimento antropológico da sociedade das águias da liberdade (com a sigla SAL, coisa que faz muito mal à saúde). E o sonho é o seguinte:

Cagar mais, maior e melhor que os outros. 
(Sim, estou a utilizar figuras de estilo. Já tinha avisado)

De facto, se há local onde a expressão “Se o meu vizinho tem um cagalhão maior que o meu, então é um homem de muito sucesso, devo confiar nele e eventualmente segui-lo para todo o lado” faz sentido, é na capitalista América. Nada faz uma pessoa seguir outra com mais vontade que um belo troço de 25cm, todo ele recto e nascido de uma só vez. Afinal se os faz assim, é porque o seu Deus o assim quis, e quando Deus quer, Deus tem.

E nada mais importa que o cagalhão. Não importa se é verdadeiro, falso, cirúrgica ou geneticamente alterado, “photoshopado” ou resultado de uma forte ingestão de laxantes. Tem é que ser como a mulher de César: ser ou parecer o maior e melhor cagalhão de todos.


Só assim de explica a facilidade com que este país está disposto a entregar o governo a indivíduos duvidosos. As pessoas olham para a merda que estes indivíduos tão portentosamente ostentam como sendo a maior que já colocaram numa sanita e pensam:

“Se eles conseguem cagam assim, com certeza saberão fazer com que todos caguemos assim. Eu quero cagar assim, é o sonho americano. Make it Happen. Bitch.”


E com este pensamento tão bem fundamentado, poderão fazer aquilo que poderemos chamar de A Maior Cagada Desde Que Os Alemães Acharam Que Tinham O Adolfinho Controlado. Não tinham. E deu merda. Muita merda.

04 março 2016

De Universidade a Fundação: de nós para eles

Caros infiéis, sempre confiasteis na Ordem Profética para vos apontar o caminho e iluminar os perigos que se escondem neste nosso Templo do Saber. A ressaca que não permitiu que fosse mais cedo, mas para a mensagem do Profeta não há hora marcada.

A redefinição da UM enquanto instituição foi um dos momentos mais marcantes dos últimos anos académicos, apenas precedida pelas quartas académicas ou as temíveis semanas do Enterro da Gata. Contudo, e podendo não parecer, há muitas semelhanças entre as Festividades que coroam o falecimento da Gata e esta passagem a Fundação: tal como acontece com os cartazes do Enterro, a reunião que originou esta decisão foi tudo menos consensual. Inevitavelmente, houve quem defendesse esta restruturação, pois quem não se adapta fica sem tacho, e houve quem apoiasse exatamente o contrário (por astúcia ou por birra, ainda por decifrar).

No fundo, todo o processo foi conduzido ao bom estilo capitalista: entre desgovernos e em altura que ninguém note. Pela calada se move o oportunismo de quem quer fazer sem a dificuldade de ter de se explicar. Afinal, depois do falo estar colocado, a dor da entrada é um pouco relativa.


O maior benefício desta passagem a regime fundacional é a facilitação da contratação de pessoal, uma vez que a lei de concurso público deixa de ser aplicada. Além do Jorge Pentes já se ter mostrado disponível para tratar de algumas transferências, espera-se também que ao longo dos próximos anos as secretárias de Rei Tó aumentem exponencialmente. Para bem da comunidade académica, claro! Informação adicional: estudos americanos revelam que a prática do felácio impulsiona a produtividade em ambiente hostil. Os alunos também serão transferíveis, principalmente se der para trocar alunos bolseiros de Santa Tecla pela melhor nata nacional.

Já os três representantes dos estudantes, receando que o lobo mau soprasse e lhes deitasse a casa a baixo, procuraram porto de abrigo e um tacho de onde comer e, bem ao estilo parlamentar português, redigiram e subscreveram uma declaração de voto. Houve afinal um amplo debate no seio (o primo politicamente correto da medicamente correta mama) da comunidade académica, podendo-se assim afirmar que esta passagem seria benéfica. Segundo o dicionário Parreirês – OlivióPalitesco, a verdade desta frase equipara-se à capacidade do Lord Licá para jogar no Barcelona. Mas acalmem-se os preocupados! O Tó, Rei Tó, vai ser avaliado. Curiosamente vai ter também a possibilidade de escolher quem o vai fazer. No fundo, isto é jogar em casa e começar a vencer por 10-0, sendo que o jogo tem duração de 2 segundos. 

Aaah, como um Profeta aprecia estas fábulas. Histórias para um dia contar a um colega quando, aquando das eleições, a moral desta história mais importar recordar.

Já dizia o Profeta:
“Ninguém se importa com o toque rectal, desde que tenha pulseira à pala para o Enterro.”

16 fevereiro 2016

O amor das gordas é mais bonito.


Quem for um utilizador regular do Facebook, já terá observado o fenómeno das fotos de casais, nos quais um do par é um amigo seu e publica na rede social. Dada a proliferação deste tipo de fotos, estas rapidamente se tornam aborrecidas se apenas mostrarem os protagonistas, ou seja, se o local, a descrição ou que estão a fazer não for interessante. Tornam-se então dignas de interesse apenas para as amigas da mulher do casal, que comentarão com elogios e outras frases lisonjeadoras, na esperança de que sejam retribuídos, e mascarando a sua inveja. Poderão porventura os leitores questionarem-se porque está um Profeta a falar de semelhantes banalidades. Ora, como diz o nome da rubrica: “O Profeta Explica”.

Pois há, contudo, umas fotos que me causam uma moderada alegria e que também apenas mostram um casal: as fotos publicadas por gordas. Exemplo: vai um Profeta ao Facebook e depara-se com uma foto publicada por uma conhecida que é, como dizer, fortezinha ou, devo dizer, parece que veste um colete e umas cuecas feitas de banha por baixo da roupa. Na minha mente, eis o que penso: “finalmente!”. Esta rapariga gorda, que até pode ser boa moça, costumava comentar com as amigas o sex appeal de rapazes que elas conheciam, mas sempre de um modo um pouco triste, como se estivesse a falar de um sonho longínquo, pois sabia que não tinha hipóteses. Esta rapariga gorda, que até pode ter um grande coração, nem a última do grupo era, pois não era sequer considerada para potencial par. Esta rapariga gorda, que até pode ter muitas virtudes, já se tinha conformado com a solidão até aos trinta e cinco anos, chegando aos quais a maior parte dos homens entretanto já desistiram de tentar escapar à barriga de cerveja e a sua "cotação no mercado" baixa bastante.

De repente, esta jovem encontrou uma cara-metade (se bem que, tendo em conta a sua opulência, se o par não for de constituição igual será mais uma cara-um-quarto). O seu mundo tornou-se mais colorido: se não for para casar, os seus anos de universidade pelo menos já serão mais alegres; já não terá de tomar o pequeno-almoço sozinha na pastelaria, em vez de duas fatias de bolo pede três e dá meia fatia ao namorado; sentirá (ou voltará a sentir, quem sabe) um prazer que (surpresa!) não vem, ou não tem de vir, da estimulação da boca e do aparelho digestivo. Não precisa mais de pensar em ir ao ginásio (sim, porque ela nunca chegava a ir), dorme melhor sabendo que já não se justifica. Quando vejo uma foto de uma gorda com o namorado, uma gorda que eu conheço, acho comovente. Acho mesmo. “Esta já está despachada”. Mais dois gajos com padrões baixos e as meninas da Tun’ao Minho ficam arrumadas.

O amor de uma gorda é um amor sem ciúmes, pois ela bem sabe que para ser amada só quando o amor é cego mesmo. Ninguém se envolve com uma gorda sofrendo de uma paixão temporária - sofrem é de bebedeira. Uma gorda é uma esforçadinha por natureza, vai dar o seu melhor todos os dias, porque o seu ego é baixo, de tantas pedras que lhe atiraram no recreio da escola, e porque ela sabe que se o sexo com o namorado se tornar monótono facilmente se torna pior do que a punheta e acaba abandonada. Sim, sem dúvida, o amor de uma gorda é o mais bonito, o mais verdadeiro e o mais raro também, pois quase nunca acontece. Mas, quando acontece, ela é capaz de ir até ao fim do mundo para o defender - desde que consiga passar nas ombreiras da porta.

14 fevereiro 2016

E tudo a tua amiga levou.


Hoje, o texto da rubrica "O Profeta Explica" é dedicado aos homens que, por essa Rua Nova de Santa Cruz fora, tentam a sua sorte à quarta-feira à noite: falamos dos predadores e, porque em todos os palcos da vida há sempre um adversário, das "mãezinhas" que lhes sabotam os ataques. Qualquer que seja o seu meio de caça (bater coro, a "kizomba manhosa", etc.), se estás nesta vida há tempo considerável certamente terás deparado com os predadores e estas "mãezinhas" que protegem as suas "crias". Apesar de Profetas, também nenhum de nós está a salvo deste infortúnio que passaremos a descrever, pois se é verdade que somos venerados por muitas, também as há, embora poucas, aquelas que nos rogam pragas. Muitas vezes, este desprezo tem origem num amor profundo que azedou.


Imagina que estás na tua discoteca de eleição, já meio toldado pelo álcool, e fizeste uma abordagem bem-sucedida a uma rapariga atraente que se encontrava nas imediações. As coisas tornam-se cada vez mais quentes, as piadas cada vez menos inocentes, os sorrisos trocam intenções, forma-se aquele brilho no olhar: o caminho está traçado. Estão a dançar e a tensão sexual já está a ser convertida em contacto físico. Contudo, nesse momento, quando já estás a sentir aquela adrenalina da conquista misturada com o prazer da antecipação, tudo acaba.

Acontece que essa bela rapariga, naturalmente, não veio sozinha. Nas imediações também, estava um grupo de amigas suas, cada uma com os seus planos para a noite: umas no engate e outras, tendo namorado, ficando-se pela companhia do grupo. Uma delas, provavelmente uma das que não quer ficar sozinha enquanto as amigas se aventuram, decide que a bela moça que conquistaste não está bem e tem de ser resgatada, portanto procede a chegar-se à nossa beira, e começar a puxar a amiga pelo braço, destruindo todo o nosso esforço de uma (ou parte de uma) noite. Atenção: nós não as censuramos se o motivo for altruísta, se o gajo for mesmo feio ou se há compromissos a honrar (como levá-la a casa), também já resgatei amigos meus das mãos de outrém (principalmente quando são gordas). Contudo, a dúvida impõem-se: quais são as razões deste comportamento de "mãezinha", será de verdadeiro altruísmo? Ou será o medo de ficar sozinha, a inveja de não ter habilidade para a conquista?


Reconheço a importância de não deixar ficar ninguém para trás, a amizade deve ser valorizada acima de prazeres temporários, por muito intensos que sejam. Contudo, esta priorização deve ser feita com cautela, para não impedir ninguém de poder viver a sua vida como quer. A possessividade, na amizade, é um veneno que mata. A honestidade, contudo, é uma valor intrínseco a essa relação e deve ser praticada em todos os momentos. Meninas que saem para a noite na busca de companhia, expliquem as vossas intenções às vossas amigas, certifiquem-se de que estas, que se diferenciam na noite por outros objetivos, têm consciência de que poderão ficar sem a vossa companhia.

Os Profetas são, como já foi referido, adorados por muitas. São, ainda assim, irresistíveis para muitas mais, mesmo aquelas que, por vezes, dizem às amigas: "tem cuidado com os de roxo". A Luz Profética, de tão verdadeira, pode por vezes cegar quem a si mesma mente. Por isso, nós dizemos:

Fala, mas não sejas ingénua.

Dança, mas não sugiras mais do que o que queres.

Fode, mas não tenhas expectativas de continuidade.

Uma amiga que te impede do que tu queres é uma amiga egoísta. Não deixes que se perca a magia da sedução, o fervor das paixões nocturnas, a luxúria das one night stands. Porque se tu não colheres os frutos do que semeias, outras o farão, e serão recompensadas por darem mais valor. A vida só é longa para quem não vive intensamente com a vontade de retirar de cada momento tudo o que ele pode dar.


Por falar em momentos intensos, amanhã, dia 15 de Fevereiro, haverá festa da Ordem Profética no B.A. de Braga, bem quente e sensual, em antecipação ao nosso 25º aniversário em Maio:
Aparece e escolhe o teu roxo favorito.

11 fevereiro 2016

25 Tons de Roxo

Fevereiro, o mês do Cio. Ou pelo menos, o mês em que toda a gente admite que está com cio. 

Como se não bastasse, a meio deste mês celebra-se o dia do amor. Entenda-se que este dia é uma desculpa para sair de casa, jantar fora, oferecer presentes à sua cara-metade e postar fotos disso tudo no Instagram para os amigos e amigas solteiros saberem que a sua vida não é tão miserável como a do vizinho do lado (ou pelo menos acharem isso). Para nós, Ordem Profética, o dia de S. Valentim não passa de um embuste capitalista para obrigar os pobres de espirito a esforçarem-se, uma vez ao ano no mínimo, a não ser um casal de mongas e se divertir. Nesta perspetiva, para a Ordem, e tal como o Natal, Passagem de Ano, Carnaval, Páscoa, Velório e 1º de Dezembro: o Dia de S. Valentim é quando o Profeta assim o entender, e isso significa que provavelmente é em qualquer dia da semana, o ano todo (ainda mais provável é ser numa quarta-Feira, mas toda a gente sabe disso já.)


Apesar de admitirmos sermos uns eternos boémios com um líbido equiparável à potência de um G6, não esperem de nós que vos ofereçamos presentes caros e bonitos enquanto vos seduzimos a convidarem-nos para beber mais um copo de vinho no vosso apartamento. Pois o Profeta sabe que os melhores presentes não podem ser comprados. E que melhor presente para oferecer do que o presente da Sodomia? Vocês sabem a resposta...


No entanto o que podem esperar de nós é "life coaching" e diversão, no próximo dia 15 no B.A. de Braga. Porque se como Barney Stinson (não é Profeta mas é um visionário) um dia disse que a noite do dia 13 de Fevereiro seria a "Desperation Night" para os solteiros, nós deduzimos que o dia 15 seria o dia "Hoje estou por tudo". Porque os solteiros não tinham tido ação na noite anterior e como tal estão dispostos a baixar os padrões, facilitando a vida a toda a gente, e os casais sentem-se revitalizados e prontos para mais um ano de monguice, mas excitados o suficiente para se lambuzarem no meio da pista. E além disso, não fosse este também o 25º aniversário desta nobre Ordem, o que significa que os astros e os planetas se alinharam de modo a que tudo seja "destinado a acontecer", este dia 15 é também o primeiro dia da Semana da Euforia que todos os estudantes minhotos tanto aguardaram nos últimos 2 meses, representando esta semana a luz ao fundo do túnel que é a época de recursos. O que todos já sabem o que isto significa... 


Dito isto tudo não se acanhem! A Semana da Euforia, tal como o Enterro da Gata, é uma semana por ano apenas. Não deixem para amanhã a cerveja que podem regurgitar hoje e o pipi que podem lambuzar igual. Abram as festividades connosco (qualquer outra abertura é opcional - e bem vinda) e aqueçam os motores pois a dado momento na festa vão faltar apenas doze horas para o Rally das Tascas, e ninguém quer ir para o Hospital com uma entorse no fígado pois não lubrificou a máquina suficientemente bem. Para quem ainda está em dúvidas sobre esta festa, há uma probabilidade de termos um anão semi-nu a dançar nas colunas, doces e bebida com fartura, há a possibilidade de encontrarem aquele mambo que encontraram há umas quartas atrás mas o negócio ficou apenas a meio e agora querem tentar outra vez, e até os cupidos vão aparecer! Isto só para aqueles que acham a opção "netflix & chill" melhor que uma festa, que já têm um lugar especial reservado no Inferno por serem... wait for it... Mongos. 

04 fevereiro 2016

Remember the Alamo


Este texto que vos escrevo hoje incluirá um momento de história mundial. Acreditem-se na veracidade deste texto, incluído na íntegra no "Index Propheticum" e não disponível na BGUM, pois é o testemunho do Profeta Carlos Ray Norris, um profeta da Revolução Industrial que tal como tantos outros foram para a América em busca de Ouro, Whisky e petróleo barato, na conquista do Oeste. Profeta Norris, conhecido em toda a zona sul americana pelo seu indomável talento em ganhar jogos de póker com apenas dois pares e cortejar donzelas sem ter que lhes pagar mais do que um shot de whisky, esteve presente nesta fatídica batalha. Conto-vos então as palavras dele, tal como ele as diria.

A 23 de Fevereiro de 1836, durante a Revolução Texana, uma ocupação de 13 dias foi feita pelas tropas mexicanas comandadas pelo Presidente General Santa Anna (doravante mencionado como Sant'Anna). Sant'Anna lançou uma ofensiva intitulada de "A Missão do Álamo", para uma zona onde hoje se situa a cidade de San Antonio, no Texas. Sant'Anna, com uma força militar de 1800 homens, lutou contra os beligerantes da República do Texas, liderados por William Travis e James Bowie (não sendo este tio avô do Ziggy Stardust, desenganem-se), que contavam apenas com a força de 260 homens. Durante 10 dias, as tropas de Sant'Anna lutaram contra as tropas Texanas, onde Travis e Bowie não tiveram outra solução se não pedir reforços, em vão, e fazer uma retirada estratégica. Na manhã de 6 de Março, a armada mexicana avançou para a base do Álamo, invadindo-a e dizimando assim 257 texanos, que não conseguiram fazer nada senão perecer às mãos do inimigo. A notícia espalhou-se, e a população juntou-se à armada texana, tanto por ansiedade de combater como por pânico, sendo conhecido este movimento migratório como o "The Runaway Scrape". Esse movimento despoletou um ódio pelos mexicanos num nível tão elevado que comparativamente à propaganda de Donaldo Trumpo sobre os mexicanos quase parece um ciúme de casais, acabando com a invasão mexicana na Batalha de San Jacinto a 21 de Abril de 1836. Essa batalha, findada em apenas 18 minutos, foi vencida pelos texanos liderados pelo General Sam Houston. Antes do inicio da batalha, Sam Houston relembrou os seus soldados da batalha do Álamo e como o Sant'Anna dizimou todos os texanos sem deixar prisioneiros, e que estes lutadores da independência se deviam "relembrar do Álamo". Não havia sobreviventes, apenas a vitória ou a morte eram opções.

Hoje, em pleno 2016, encontramos-nos no mês de Fevereiro, um mês aguardado sempre com grande ansiedade pela comunidade académica, uma vez que esta representa o fim dos exames; o início de um novo semestre; a comemoração dos 180 anos da Batalha do Álamo, e uma eufórica semana que se avizinha. Nós, a Ordem Profética, deixamos aqui um memorando para todos vós: "Remember the Alamo", não deixem prisioneiros como o Sant'Anna fez e vençam esta batalha que é o curso universitário, pois nem a Gata sobreviverá a este semestre (mas voltaremos a este tópico posteriormente). Mas por enquanto, venham divertir-se conosco, convosco, todos juntos e todos nus, nesta ode ao Texas e aos Texanos que celebramos, pois a primeira Quarta-Feira do semestre não pode passar despercebida, e o caos (vulgo, "o Texas") é prometido. E não se preocupem, pois no fim da noite quem paga é o Sant'Anna.

01 fevereiro 2016

Este não é um comentário político

Há um vazio no prime-time nacional e isso deixa-me triste.

Acordo à segunda-feira a pensar naquele livro que não vou ler apenas porque o Doutor mo recomendou na noite anterior. Aquele volume excepcional sobre a milenar história do agripino e da sua importância na economia local da Beira Interior. É um facto que de qualquer forma nunca iria ler esse livro, mas choro por saber que não mo tentou impingir enquanto esperava calmamente por um novo episódio da Quinta. Pesa-me de sobremaneira que, depois de tanto se ter esforçado para não ler todos aqueles livros, não tenha um espaço onde possa dizer: “Olhem para todos estes livros que eu recomendo, não pela qualidade do seu conteúdo, mas pela quantidade da bonificação que eles me geram. Admirem-me pela quantidade de palavras que consigo parecer processar por minuto.”

Ah, Doutor! Qual rolha a sair numa banheira bem cheia, porque decidiu criar este vortex que remove a água quente e logo impedir-me de apreciar as bolhas daquele peidinho pelo qual esperei durante todo o domingo?

Bem sei que os galácticos pertencem ao universo e que aqueles minutos no serão eram diminutos para uma estrela de tal tamanho. Mas as pessoas precisam de si, dos seus livros, da sua aristocracia com aquele quorum brejeiro do povo que demonstra tanto quando opina sobre o orçamento de estado ou sobre o record mundial da maior omelete de enchidos de Ermesinde.

Hoje não vejo televisão ao Domingo. Hoje choro por aquilo que tive e que não mais irei ter. Pelo menos até se decidir falar a nós, o seu povo, os seus portugueses. Ou até nos prendar com uma bela mensagem de Natal e Ano Novo. Serão com certeza momentos memoráveis.

Mas isso não chega. Quero que o Doutor me fale ao domingo. Ligue à sua amiga da televisão e diga-lhe que um Presidente tem que ser Presidente. Ou então peça ao Engenheiro o contacto do pessoal da Venezuela ou ligue para os lados de Alvalade. Se há gente que sabe dar tempo de antena a um presidente são eles. Pode dar aquela ideia de ditadura mas, no final, o Doutor pertence ao seu povo e o seu povo pertence-lhe a si, e ninguém tem o direito de separar o que a TVI uniu. E, além disso, o Doutor sabe que é fotogénico.

07 janeiro 2016

Ainda sou Charlie

Faz hoje um ano que Paris sofreu com os ataques terroristas ao Charlie Hebdo. Depois de três semanas já ninguém quis ser Charlie, mas não é sobre isso que escrevo hoje. Escrevo como francês, como fanático da liberdade de expressão e como membro da Ordem, um admirador de boas sátiras, sejam de que país, formato, religião e cultura que sejam provenientes. Porque Charlie merece ser recordado para sempre, tal como outros que fazem o que Charlie faz, para que nunca nos esqueçamos que foi para isto, também, que se fez o 25 de Abril: ninguém tem o direito de calar ninguém.

A 7 de Janeiro de 2015, numa chuvosa quarta-feira que cá em Braga prometia ser académica, explode o pânico em Paris: fanáticos religiosos guiados por um "Islão" malicioso e obsoleto irrompem pelo nº 10 da Rue Nicolas Appert, em Paris, França, por volta das 11h30 (hora local). No misto de confusão e terror, caem cinco “guerreiros da caneta” - Cabu, Wolinski, Charb, Tignous, Honoré – entre civis e polícias que apenas tiveram o azar de estar presentes no momento errado, no local errado. Isto tudo porquê? Porque uma caricatura de Alá ofendeu certas pessoas. Charlie Hebdo estava então caído, mas não derrotado: na semana seguinte, Charlie publica, inteligente e ironicamente, que “Tout est pardonée”. Tenho a pensar quanto espero que os dois guerreiros de Alá estejam confortáveis no seu Além, rodeados daquilo que foram prometidos: abundância em riqueza e virgens. Caso contrário, foi só realmente jogar Counter-Strike contra bots indefesos, mas na vida real.


Edward Bulwer-Lytton escreveu, em 1839: “the pen is mightier than the sword”, e a ideia principal que Charlie quis transparecer com a sua publicação pós-ataque foi mesmo essa. Mil mortes não podem matar uma ideia ou um ideal, se os que ficam vivos não deixarem morrer a ideia com os caídos. Não é com demonstrações de solidariedade e afeto em público que suportamos e convalescemos ideais liberais sobre a qual grande parte do mundo está sob, e os restantes tanto lutam para obter, mas sim com demonstrações de proatividade e irreverência; nunca se calem, se o que tiverem para dizer é importante. E mesmo que não seja importante não se calem, porque vocês podem. Que nós, Ordem Profética, sejamos uma inspiração para vocês. Nunca nos ouviram calar, nunca nos ouvirão calar, pois só se calam os desinteressados, os desinformados e os eternos vassalos. Como um Profeta um dia disse: “quem se contenta à vassalagem, nunca passará do pequenismo.”

Um ano depois, Charlie continua vivo e de boa saúde. Um ano depois, Charlie não teve medo de se expressar contra o ataque sofrido, de forma inteligente e irreverente como sempre o fizeram: com ilustrações satíricas engraçadas e de bom gosto. Charlie provou, um ano depois, que a liberdade de expressão está viva para quem a quiser.


Que todos sejam Charlie, para sempre, em toda a parte, porque caso contrário estaremos apenas a viver sob a ilusão de liberdade e seremos apenas versões mais vestidas e melhor equipadas dos escravos dos séculos anteriores. E não se esqueçam que não precisam de força para mostrar a vossa ideia, mas sim de inteligência, brio, irreverência, e um toque de classe, que nunca fez mal a ninguém. E se querem melhor exemplo que Charlie, não se esqueçam de olhar para Portugal de 1974, que fez uma revolução com cravos, porque sei que às vezes um exemplo caseirinho é melhor que um exemplo estrangeiro. Ou então os estrangeiros é que são fixes e bons. Como quiserem, fica à vossa escolha.