Uma premissa com 42 anos de idade. Uma data que é quase um verbo, uma tomada de consciência, uma chamada à acção.
25 de Abril de 2016
A primeira pessoa com quem falaram hoje dir-vos-á que tem liberdade e a segunda provavelmente repetirá o mesmo. No entanto, e apesar de não ter conhecido a vida pré-Abril, acredito que hoje vivemos sob igual repressão. No mínimo. Mas hoje vivemos sem a liberdade que julgamos ter, e vivemos assim porque alegremente a entregamos. E desafio-vos a reflectirem comigo na facilidade com que entregamos a chave de nossa casa ao bandido.
Eu, Português Europeu e Terrestre, não tenho a liberdade para fazer o que quero e posso. Vivo num país que entregou por 4 anos a sua soberania a uma Tríade Tirana banqueira que decide vida ou morte em função da sua ideologia do dinheiro. Vivo num país que aceita que as pessoas não tenham o suficiente para que se possam atingir metas à décima da percentagem. E vivo num país que não pergunta se o aceitamos fazer. Afinal, vivo num país onde se assume que as pessoas são demasiado burras para decidir e que, por isso, não devem ter o direito a fazê-lo.
Vivo num país onde não existem Gargantas Fundas, onde não se aponta o dedo. Onde a censura tem o trabalho facilitado, em que o lápis azul está logo nas mãos dos jornalistas. Não há realmente liberdade num país onde as palavras são ditas por encomenda e em que, mais do que informar, se procura doutrinar as ovelhas trabalhadoras para que tranquilamente entreguem a sua lã. Por devoção.
Vivo num país, irmão pequeno de uma família grande onde uns comem mais que outros, em que os pequenos chegam apenas aos restos. Chegam aos restos mas agradecem-nos como se fossem bênçãos, beijando a mão a quem os dá como se fossem benfeitorias de alguém muito piedoso. Irmão pequeno que ignora meio século de destruição baseada em ideologias fascistas, belicistas e xenófobas, dando poder a grupos de pessoas que afirmam que uns são mais que outros e que a culpa de todo o mal está naqueles que, por menos terem, menos se podem defender.
Vivo num país que cada vez educa menos, que menos valor atribui às pessoas. Onde saber mais é perda de tempo e onde a crítica baseada em argumentos é menos forte do que o não só porque sim. Onde os valores de respeito e responsabilização desaparecem logo cedo dos olhos dos filhos. Onde os valores de luta e vida em sociedade não chegam à idade adulta. Onde não nascem crianças por não se saber que futuro lhes daremos.
É este o nosso Portugal livre. Ovelhas amordaçadas em pastoreio seco, comandadas por Pastores ignorantes em terrenos dos senhores da Terra, que sobejamente vivem do trabalho dos outros, sentados no alpendre enquanto decidem quem vive e quem morre.
Esta é a liberdade que temos. E amanhã vai ser ainda menor.
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