Este ano propomos que, ao invés do Natal dos Hospitais, que já nem o Jorge Pina pode ver e em que todos os anos nos assombram com adultos e crianças doentes, se realize o Natal dos Shoppings. Não víamos doentes em sofrimento, que faz mal à vista, e bastava levar o Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras para garantir a presença do Herman e do Carlos Cus.
Ia ajudar e muito, não os doentes que necessitam de cuidados especializados no dia-a-dia e de não serem sujeitos ao apelo à pseudo-solidariedade por umas horas, mas os lojistas, pois afinal é a altura mais aguardada do ano, em que atingem o pico de vendas e podem fazer à vontade a promoção de um vestido de 100€ pelo dobro do preço com 50% de desconto, uma verdadeira pechincha!
São promoções e compras que elevam o Espírito, não o Natalício, mas o Capitalista que se apoderou do Natal e o arrumou a uma valeta como uma quarta-feira académica arruma um estudante e o deixa num farrapo.
O Natal já não é o mesmo, longe vão os tempos em que sobrinhos e tios se emborrachavam juntos como se a dignidade estivesse em jogo, em que se ouvia a célebre frase: “no meu tempo é que era”. Começávamos de manhã com um Porto ou bagaço, passávamos para o tinto e só acordávamos na passagem de ano à porta do El Pinador. Bons tempos!
Qual brinde no bolo-rei qual quê, nesta altura ouviam-se as grandes pérolas tiradas a saca-rolhas (um abraço para o Seabra) sempre que se abria mais uma garrafa, os agora mestres Jedi da sapiência eram capazes de desmitificar o sentido da vida, resolver os grandes flagelos mundiais e, com um bocado de sorte pelo meio dos brindes, encontrar a Maddie.
E assim se resume o Natal dos abençoados de muitas famílias Nortenhas. Já no género feminino, o que parece ser uma simples reunião de puérperas a fabricar os mais requintados ou básicos doces torna-se no mais complexo concurso de culinária, sendo que no topo deste campeonato estão as pasteleiras que por um dia fazem de tudo para levar o prémio de melhor doceira para casa e exibem-se no alto do trono acariciando o ingrediente secreto, desejando a todas inimigas vida longa.
Já das crianças ninguém quer saber a não ser o padre lá da aldeia. Há as que acreditam no Pai Natal, as que não acreditam e as que ficaram a saber que não existe pelo tio bêbedo e choram a noite toda. Também temos o adolescente, que agora se insere neste grupo e que tenta fazer a folha à prima, uma vez que com a tia só pode sonhar.
O Natal também é feito de prendas antecipadas: ainda não chegamos ao dia de abrir as prendas mas já há quem as tenha no sapatinho. O Rei Tó tem uma fundação para jogar ao monopólio, o Malcaide a.k.a Olivia Palito tem uma associação para brincar as bonecas, a ECUM tem um puzzle de um laboratório mas sem as peças todas e, nós todos, os estudantes, vamos receber um belo par de meias que nós dará jeito para ter os pés quentinhos nas filas do centro de emprego ou no terminal do Aeroporto.
A todos vós, desejamos um Bom Natal e quem sabe vemo-nos no Bananeiro. Lembrem-se: já dizia o Mesquinho, o Bananeiro é para beber Moscatel. Contudo, tenham muito cuidado com aqueles que vos lançam um olhar enquanto engolem a banana.
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