O presente ano civil tem-se mostrado curioso; um monte de celebridades a morrer quase todas as semanas, um comentador televisivo a Presidente da República, um Dolan Drumpf em vias de se tornar presidente também, uma Bernardina que ainda tem direito a tempo de antena… Coisas muito estranhas a acontecer, um presságio muito estranho do que se avizinha. Quase se pode dizer que “winter is coming” (é por ser Abril, provavelmente). Uma coisa intrigante que aconteceu neste kick-off do mês de Abril terá sido também o 36º Congresso Nacional do Partido Social Democrata. Vou ser sincero, não prestei muita atenção ao que lá sucedeu. Apenas a recandidatura do Passas Monelho e a vice-presidência atribuída a Mª Luiz Alba-Queca chegaram para perder o meu interesse. Choveu muito, o Real Madrid jogou com o Barcelona e o Leicester também jogou. O Placard esperava-me…
Apesar de esse congresso ter-me captado a curiosidade pela série de eventos que surgiriam daí, a minha atenção foi captada com o discurso do Exº Sr. Dr. Meritíssimo Eurodeputado Advogado Pau Angél, quando disse que se devia acabar com os títulos académicos como meio de “hierarquia” e “supremacia” vigente nos documentos oficiais. Concordando ou não com isso, não interessa. O verdadeiro título hierárquico, o mais digno e o superior sobre os outros é o título de Profeta. E esse ninguém o tira.
A minha consternação sobre isso, apesar de ainda gostar dos tempos da inquisição em que todos os Lords deveriam ser tratados por tal, e todos os Reis deveriam ser tratados por “Your Grace”, parece-me a mim que a consternação do Eurodeputado se foca num ponto fácil de avaliar: existem coisas mais importantes para se preocupar e ninguém quer saber.
Menos a manifestação dos populares perante a notícia. Esses querem saber disso. Esses bajulam a atitude do PSD e do Sr. Pau Angél, mesmo tendo se calhar falado mal de ambos nos últimos 3 meses ao terem atuado numa questão qualquer mais relevante que isto. Qual é o mal, afinal, de alguém ser tratado por um título adquirido, seja académico ou real? Qual é o mal, afinal, de tratar pelo nome próprio um pós-doutorado Magna cum laude? Afinal não somos todos Charlie, ou Inácios, ou o que quiserem? Não há coisas mais importantes para tratar além da maneira como nos tratamos uns aos outros via correio? Até porque afinal de contas não tem importância nenhuma, os títulos que mais gostamos de atribuir uns aos outros são títulos pejorativos; tanto para provarmos sermos superiores, como sendo inferiores e tentar provar o contrário. E nada disso interessa, porque todos os títulos são inúteis. Repito, o único título que interessa é o de Profeta, e esse pode ser sempre almejado mas raramente alcançado. A vassalagem deve perceber isso. Não é um canudo que faz alguém superior. Nem a Opa faz o Profeta, mas sim o Profeta faz a Opa.
Para vós, plebe, o único título que vos deve importar será o de “humano”. Algo raro nos dias de hoje, como visto pela ex libris da poesia do ano 2016, Bernardina, que toda a gente conhece. E como toda a gente trata toda a gente pior que lixo, representando aquilo que o comum mortal é; pequeno, mesquinho. Não há título académico que esconda isso, tal como a maquilhagem de uma noite na discoteca, em que haverá sempre uma manhã de ressaca em que será impossível esconder a verdadeira face deformada que cada um tem.