Reality Shows, o tema que subiu a pico nas trends das redes sociais. Luz, câmara, ação… e estupidez, tudo misturado num grande caldo e temos o Big Brother! Com o objetivo de ganhar a batalha das audiências com o seu novo reality show, a TVI escolheu um apresentador assumidamente homossexual e um participante abertamente homofóbico, ou melhor dizendo (e citando uma concorrente): “xenofónico”.
Uma espécie de experiência social em direto, que visa desperdiçar 54 testes para Covid-19 (possivelmente mais tarde também para gravidez) nos seus concorrentes e juntar “personalidades fortes” que garantidamente vão gerar conflitos numa casarão em Ericeira e alimentar a violência gratuita em canal aberto. Os portugueses podem acompanhar este turbilhão de emoções em direto 24h por dia durante 7 dias por semana - excelente para matar o tédio e perder uns neurónios. Os telespetadores, com base na prestação dos jogadores da casa, escolhem o seu role model favorito e, caso não saibam o que fazer com o saldo do telemóvel, podem sempre juntar-se e alugar aviões da TAP para enviar mensagens de apoio e, assim, contribuir para os excelentes conteúdos televisivos que são produzidos no nosso país. Talvez o Estado tenha pensado da mesma maneira, daí os "apoios culturais" dados às cadeias televisivas, sem dúvida o pináculo da cultura portuguesa. Se juntarmos isto ao montante que foi financiado à Lonestar, o nosso país está preparado para dar saltos orçamentais maiores que os "pulos" do CR7.
Este concurso televigiado tem uma reputação polémica devido às intrigas, conflitos e cinismo que surgem na convivência do dia a dia. Apesar disso, no meio da fama e do dinheiro, muitos concorrentes encontram o amor verdadeiro, tão raro nas novas gerações, de uma forma sistemática em quase todas as edições. Estamos perante um verdadeiro BBC Vida Doméstica: através desta atividade, a TVI transmite os ideais de educação, civismo e cultura que devem ser adotados por toda a população, menos a nortenha.
Paralelamente ao Big Brother, mas com menos audiências, podemos assistir em Portugal à “A Casa dos Políticos” - pegue no telefone e ligue 760 696 969 para aprovar a transferência de 850 milhões de euros que vão sair do Tesouro português, diretamente para o Novo Banco, ou 769 696 690 para ajudar todos aqueles que por esta altura passam fome, estão no limiar da pobreza, estão desempregados, e demais dificuldades que o cidadão comum encontra. Ou será que o voto popular só funciona na TVI? Por um lado, temos transparência total do que se passa dentro de uma casa em canal aberto, noutro, não sabemos se 850 milhões de euros dos contribuintes vão ser injetados no Novo Banco. O novo reality show situado no Parlamento pode-se traduzir numa telenovela com uma crise de egos. Marcelo e Costa - team kamikaze 2.0 - resguardam-se na famosa frase “não sei explicar, não sou assim lá fora…”, ao passo que o Ministro das Finanças cedeu à pressão das nomeações e abandonou a casa.
Se estiverem mesmo aborrecidos e o vosso período de Pornhub Premium tiver expirado, passem pelo Zoom e assistam ao futuro da nossa tradição praxística. Ainda estamos à espera que, da mesma forma que as aulas virtuais foram interrompidas por intrusos, o Correio da Manhã possa vir a invadir uma praxe da Internet, embora fique complicado distinguir se é praxe ou um sessão de exercício físico com influencers não habilitados. Sendo mais difícil alguém coagir ou cometer abusos à distância, existe menos necessidade de limpar a imagem com praxes solidárias - para fazer horas de voluntariado já existem os profissionais do SNS. É mais tempo livre que caloiros e praxantes ganham, mesmo a calhar agora que está bom tempo para ir para a praia fazer sunsets.